Karaköy o bairro da vez - Conheça os hotéis, restaurantes e galerias de arte
Da ressaca da primavera árabe no norte da África e do vai e vem quase emocional do governo de Erdogan, entre atentados a bomba no aeroporto de Istambul e represálias da polícia pelas ruas da cidade, renasce no mundo o desejo de tomar a velha Constantinopla, hoje em trégua até se sabe lá quando — mas o que é a vida senão viver o presente, não é mesmo? E baratinha demais depois da queda da lira, capaz de deixar o real se sentir uma libra esterlina pré-Brexit. Ah, e a propósito: em brevíssimo tempo, será inaugurado às margens do Mar Negro o maior terminal de passageiros do mundo com capacidade para receber 150 milhões de viajantes por ano. É o Edorgan brincando de Constantino com sangue de Nero.
No quesito boemia, o bairro de Karaköy desbanca Galata na preferência hipster, e as ruas são tomadas por novos cafés, bares, clubs e hotéis lotados de jovens quase hippies com sede de hype. As noites são aquelas dignas das mil e uma, existe no ar um clima de otimismo capaz de nos manter na rua até o dia nascer sem (muito) medo de existir
Noite no bairro Karaköy - Hermés Galvão / Hermés Galvão
Destaques da retomada de Istambul como epicentro cultural da região (anote também a cidade de Mardin, na fronteira com a Síria, que este ano organizou sua Bienal para lá de moderna), três galerias merecem um minuto da sua atenção, todas concentradas na rua mais agitada de Karaköy. São elas: Mumhane: Pi Artworks, também com sede em Londres, Nev e Artsümer, onde acontecem exposições dos novos expoentes da arte turca. Aliás, ano que vem, acontece mais uma edição da Bienal de Istambul, que terá como curador o escritor francês Nicolas Bourriaud, cofundador do Palais de Tokyo, em Paris.
Mardin, palco da bienal mais cool do momento - Hermés Galvão
Logo ao lado, o restaurante Naif Karaköy serve o melhor da cozinha otomana sem fusion ou confusão: é tudo comida com cara e gosto de comida. Para esticar o jantar, a dica é ir ao segundo andar e dançar ao som de DJs veteranos das pistas Mediterrâneo afora. Os cafés (sem açúcar, claro; deixe para renovar seu estoque de glicose com as baklavas da Karakoy Gulluoglu) não podem ficar de fora do roteiro, pois são uma instituição da cidade e ponto de encontro de todas as gerações — tente uma mesinha na varanda do Macondo ou do Biberon.
Cenas matinais no bairro de Beyoglu - Hermés Galvão
Para se hospedar, nada de cruzar o Bósforo ou subir a ladeira até o bairro de Pera, onde estão os cinco estrelas palacianos que já não cabem no bolso e na cabeça da nova ordem mundial. O Hotel 10 Karaköy, que não tem nada de design ou butique, está colado a tudo que importa ver no momento, quando finalmente a paz parece voltar a reinar na metrópole milenar. Do terraço, a sentir a brisa do Marmara e a ouvir apenas o som das minaretes, hóspedes parecem tomados por um sopro de otimismo e confiantes de que não haverá outra queda de Constantinopla.
POR HERMÉS GALVÃO
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