Um novo estudo indica que o consumo de fibras aumenta a produção de substâncias capazes de controlar inflamações no intestino e no cérebro
As fibras são conhecidas por contribuírem para a manutenção de uma dieta saudável, além de ajudarem na redução de peso. Agora, um novo estudo publicado na revista científica Frontiers in Immunology indica que adicionar alimentos ricos em fibras – como brócolis, nozes, aveia, feijão e pão integral – à dieta pode retardar o envelhecimento cerebral.
Os declínios cognitivo e de memória, comuns na velhice,é causado por uma inflamação da micróglia, um tipo de célula do sistema imunológico que é abundante no cérebro e que tende a se tornar hiperativa e cronicamente inflamada no processo de envelhecimento. As fibras ajudam a retardar o envelhecimento cerebral ativando a produção de um ácido graxo de cadeia curta, chamado butirato, que possui propriedades anti-inflamatórias.
Para chegar a essa conclusão, a equipe de pesquisadores da Universidade de Ilinois acompanhou, ao longo de quatro semanas, a dieta de camundongos idosos e jovens, verificando a quantidade de fibras ingeridas e o nível de substâncias anti-inflamatórias presentes no intestino. Os resultados mostraram que uma dieta rica em fibras aumenta a quantidade de butirato e outros ácidos graxos de cadeia curta na corrente sanguínea, tanto dos animais idosos quanto dos mais novos.
Estudos anteriores mostraram que o butirato, que é produzido no cólon quando bactérias fermentam as fibras no intestino, pode melhorar a memória e reduzir inflamações cerebrais e também intestinais. No entanto, até o momento, a ciência não havia descoberto como o consumo de fibras poderia ser convertido em benefícios cognitivos.
Por outro lado, um consumo baixo do nutriente aumentou a inflamação intestinal nos ratos idosos. O mesmo não foi observado nos animais mais jovens, sugerindo que o envelhecimento aumenta a vulnerabilidade à inflamação. O que torna necessária a adição de fibras na alimentação para estimular a produção de substâncias anti-inflamatórias.
Em uma segunda etapa, a análise genética de marcadores inflamatórios apontou que o consumo adequado de fibras reduz inflamações na micróglia, um tipo de célula imunológica do sistema nervoso central que faz vigilância ativa do tecido cerebral e da medula. Segundo os pesquisadores, esse desfecho pode ser resultado do declínio na produção da interleucina-1 (IL 1β), substância pró-inflamatória que vem sendo associada ao Alzheimer.
“Sabemos que adultos mais velhos consomem 40% menos fibra alimentar do que o recomendado. Não obter fibras suficientes pode ter consequências negativas na saúde cerebral e inflamação em geral”, alerta Rodney Johnson, um dos autores do estudo. Como a ingestão direta do butirato de sódio não é muito comum por causa do odor forte, a melhor maneira de garantir sua presença no organismo é manter uma dieta rica em fibras.
A ingestão de fibra é melhor alcançada através do consumo de uma variedade de alimentos, como parte de uma dieta saudável e equilibrada. Comer mais vegetais, cereais integrais e frutas ao longo do dia ajuda a alcançar a dose diária recomendada.
As fibras também ajudam na melhora saúde digestiva: previne a constipação, reduz o risco de doenças cardíacas, diabetes tipo 2 e câncer de cólon (ou colorretal); diminui o nível do LDL (colesterol ruim), melhora o índice glicêmico em pessoas diabéticas e mantém o indivíduo saciado por mais tempo.
A fibra ainda contém oligossacarídeos, nutrientes que contribuem para o equilíbrio intestinal ao estimular a proliferação de bactérias benéficas; e inulina, tipo de carboidrato vegetal que auxilia no emagrecimento.
O estudo foi publicado na modalidade de acesso aberto no periódico Nature Communications.
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