Doença atinge 85% da população acima de 75 anos. Conheça os principais aliados no combate ao desgaste das articulações
Por muito tempo, o Brasil foi considerado uma nação de jovens.
Os levantamentos demográficos mais recentes, no entanto, demonstram que estamos nos tornando um país mais velho: de acordo com pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, o IBGE, o número de idosos aumentou 18% nos últimos cinco anos.
Em 2017, o total de brasileiros acima de 60 anos superou a marca de 30 milhões. Com o aumento da faixa etária nacional, mudam também as necessidades e os cuidados com a saúde.
A artrose, nome popular da osteoartrite, é uma das causas mais comuns de perda de qualidade de vida e autonomia na terceira idade. Caracterizada por um desgaste das articulações que revestem os ossos, pode ocorrer em qualquer lugar do corpo – em especial, joelho, quadril, costas e mãos.
Segundo a Sociedade Brasileira de Reumatologia (SBR), a doença é responsável por 7,5% de todos os afastamentos de trabalho. Por ser uma condição que se intensifica ao longo dos anos, ela é mais frequente a partir dos 60 anos. Ainda segundo a SBR, 85% das pessoas acima dos 75 anos têm evidência radiológica ou clínica de osteoartrite.
O dano no tecido provoca um processo inflamatório local – a artrite – e dores intensas e dificuldade de locomoção, além de deformidades, rigidez e inchaço. “O principal problema é que a cartilagem que forma a articulação é um tecido que não se regenera”, explica Samir Daher, ortopedista diretor do Serviço de Medicina do Esporte do Hospital do Servidor Público Estadual (HSPE), em São Paulo.
De olho na tendência de envelhecimento da população e buscando manter a qualidade de vida dos pacientes, o objetivo dos médicos é centrado na prevenção da osteoartrite.
A principal providência é identificar fatores de risco, além do avançar da idade, que possam ser corrigidos. Entram na lista excesso de peso, uso de alguns medicamentos como corticoides, drogas, cigarro, álcool, esportes de alto impacto e doenças autoimunes como a artrite reumatoide.
O hábito de se exercitar é um dos grandes aliados para prolongar a vida útil das articulações. “A prática de exercícios fortalece os músculos, que ajudam a absorver o impacto, além de aumentar a irrigação de substâncias benéficas para a articulação”, comenta Daher.
Mesmo quando a artrose se instalou, se movimentar tem poder anti-inflamatório e ajuda a reduzir a dor.
Se a articulação está desgastada ao ponto de exigir uma abordagem cirúrgica, quem é ativo também leva vantagem. “Observamos em estudos que, mesmo quando há indicação de prótese, entre 40% e 45% dos pacientes têm alívio dos sintomas e adiam a cirurgia ao adotar um programa de exercícios”, destaca Daher. “E quase 100% referem melhora da qualidade de vida, por voltar a realizar atividades que faziam antes da dor e se socializar mais”, completa.
Muitos pacientes deixam de se mexer por conta dos efeitos da artrose, e o sedentarismo causa uma perda ainda maior da movimentação, além de aumento da rigidez e da dor, que podem acelerar a progressão da doença.
Para que o exercício funcione, o ideal é evoluir aos poucos, com atividades de baixa intensidade e estabelecendo metas pequenas, sempre com a orientação do profissional de saúde.
A maior parte dos suplementos indicados para tratamento e prevenção da artrose é feita à base de colágenos, moléculas que compõem a cartilagem das articulações.
Sua utilização, embora não seja capaz de regenerar a cartilagem, pode auxiliar na preservação do tecido. “Os estudos mostram que a eficácia é maior no início do processo de desgaste”, pondera Daher.
Entre eles se destaca o colágeno hidrolisado tipo 2, o UC-II. “Ele responde por até 90% da formação da cartilagem, e hoje a indústria consegue produzi-lo de maneira natural a partir do osso do frango”, comenta o médico.
Um estudo publicado no periódico Nutrition Journal, feito pela Universidade da Califórnia em Davis, mostrou que, após 180 dias de uso desse colágeno, voluntários com artrose no joelho ganharam mais mobilidade e tiveram diminuição da dor que sentiam.
Por ser de origem natural, seu uso é seguro e oferece poucos efeitos colaterais. Mas, para potencializar o efeito, o ideal é combiná-lo com uma dieta equilibrada e a prática de exercícios físicos.
Atualmente, é possível encontrar suplementos que podem ser tomados apenas uma vez ao dia, por meio de minicápsulas.
“Um fator de prevenção ajuda o outro e, com o conjunto, muitas vezes conseguimos estabilizar a dor, e o indivíduo vive mais tempo sem crise”, destaca Daher, que também reforça a importância de avaliar caso a caso, pois nem todos se beneficiarão do suplemento. “Só o médico conseguirá identificar as causas da dor, definir o estágio da artrose e qual é o melhor tratamento”, encerra.
O estudo foi publicado na modalidade de acesso aberto no periódico Nature Communications.
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