Um artigo para reflexão
Por Carlos Nejar
Reinventamos tantas coisas, porque a imaginação ama a vida e a vida ama a imaginação. Com a longevidade e o progresso da ciência, adiamos a morte no possível.
Vai diminuindo, aos poucos, certo preconceito contra os velhos, a ditadura da mocidade, porque a idade já pesa menos e a alegria não pode faltar, a felicidade de resistir aos percalços. Apesar de queimar com suas chamas.
A geada dos cabelos só diz da sabedoria que desce dos montes de existir, a sensibilidade se aprimorou, a inteligência como o vinho de boa casta tornou-se de mais pura degustação, o espanto de ainda destilar o orvalho da paciência. E a paciência se adiantar sem pressa na esperança.
Devemos reinventar a velhice. Inda que o corpo se canse, a alma esta mais vigorosa, experiente. O que se aprendeu antes, volta-se a aprender depois, aprender das limites, aprender de levar o tempo, olhando a eternidade.
Porque de ver, conhecemos uma outra infância. A dos filhos e a dos velhos. Isso nos prolonga.
Ou nos civiliza e nos faz mais humanos. Não há depressão no prazer de ler, de criar, de pesquisar.
Ou desdobrar os sonhos na partilha do coração. Com o rosto da amada que nos acompanha nas estações, ou no acumular dos frutos.
Envelhecer, servindo, sendo valioso, com a praticidade que cada dia concede, o gozo de ainda apreciar o amanhecer, pois disso nos agraciamos. Onde a natureza se inaugura, somos inaugurados, enlaçados em beleza. Tal se fôssemos partes do clarão.
E não há envelhar do espírito, se a palavra se armazena em juventude. Ou nos arrebata na justiça. Porque nela contemplamos Deus e Deus nos contempla. E nos completamos, contentes, com a venturosa saudade do futuro.
Fonte: A Tribuna (ES), 20/08/2017
Conheça a história da faxineira que se tornou diretora de escola em Brasília
Cuidadora do idoso compra tecido. Ele faz cerca de 50 peças por dia para ajudar na prevenção ao novo coronavír...
“Nós somos todos irmãos, precisamos uns dos outros”, afirma a artesã Maria de Lourdes