Duas vezes por semana a casa de Fernanda fica lotada de voluntários. Cada boneca tem detalhe de identificação com os pequenos pacientes.
Voluntários já criaram mais de 300 bonecas terapêuticas para crianças com doenças graves
Fernanda Candeias tem 61 anos de idade e disposição de menina. Correr na praia é o esporte preferido, mas não é só diversão. É necessidade também. Com energia sobrando, a aposentadoria foi um choque.
Ela encontrou uma nova razão de viver fazendo bonecas. Mas elas não são como tantas outras. São criadas pra alegrar a vida de crianças que enfrentam doenças graves.
“Nem que eu queira eu consigo fazer uma igual a outra. Eu acho que isso é que é o grande barato. As bonecas não têm princesas, não têm heróis, elas são crianças como as crianças”, conta.
Ela começou sozinha num quarto que virou ateliê. Depois que a filha divulgou as bonecas nas redes sociais, ajudantes foram surgindo sem parar.
Duas vezes por semana a casa da Fernanda fica completamente lotada de voluntários. Na sala já está faltando espaço para aumentar a linha de produção. E o interessante é que o pessoal chega sem nenhuma experiência. Ninguém tinha feito um boneco antes. Mas o que não falta para essa turma é vontade de aprender.
As bonecas da Fernanda foram batizadas de bonecas de propósito. Cada uma tem um detalhe de identificação com os pequenos pacientes que vão recebê-las. Um boneco e uma boneca carequinhas, por exemplo, são para crianças que fazem quimioterapia. Mas eles têm chapéu, para mudar o visual, e uma peruca, que é para lembrar que o cabelo volta a crescer.
No Instituto Nacional do Câncer, no Rio, são as psicólogas que decidem qual a criança que vai ganhar o presente e qual o melhor momento.
Muitas outras bonecas vão para crianças que passam por cirurgia cardíaca. Da cicatriz no peito sai um coração bem bonito. Outras que têm rins vão para quem faz hemodiálise e espera por um transplante. E como essa família não para de crescer, já estão em produção as bonecas com lábio leporino.
Mais de 300 bonecas já foram criadas. De propósito, elas vão tocar o coração das crianças e dos voluntários que não se cansam de fazer o bem.
Fonte: Globo Repórter - Edição de 08/07/2016
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