Casos como esses não são novidades
“Assim como com o sexismo e o racismo, é possível mudar as normas sociais, e já é hora de parar de identificar as pessoas com base em sua idade, e isso vai resultar em sociedades mais prósperas, mais justas e com melhor saúde.” A frase foi do encarregado de problemas relacionados aos idosos da OMS (Organização Mundial de Saúde), John Beard, durante conferência em Genebra, no ano passado.
O alerta foi feito com base em pesquisa da entidade segundo a qual 60% da população mundial considera que idosos são desrespeitados. O estudo revelou que países onde pessoas acima dos 60 anos mais têm seus direitos violados possuem rendas elevadas. Partindo desse princípio, seria surpreendente a condenação do Banco do Brasil, em Penápolis, a pagar R$ 6 mil de indenização por danos morais e discriminação a uma professora aposentada de 82 anos. De acordo com a denúncia, a cliente tentou renegociar empréstimo para ser diluído em mais vezes, mas a instituição negou por ela ter a “idade avançada”.
Ocorre que casos como esses não são novidades e os precedentes para indenizações já existem. Em decisão semelhante, no ano passado, o TJ-SP (Tribunal de Justiça de São Paulo) condenou um banco a indenizar um idoso que teve pedido de empréstimo negado devido à idade. O montante, naquele episódio, ficou estipulado em R$ 30 mil, por danos morais.
Pelo menos no Brasil, a chamada “terceira idade” tem um instrumento valioso a seu lado no combate ao preconceito, que é o Estatuto do Idoso. A lei, que está em vigor desde 2004, diz, logo em seu artigo quarto: “Nenhum idoso será objeto de qualquer tipo de negligência, discriminação, violência, crueldade ou opressão, e todo atentado aos seus direitos, por ação ou omissão, será punido na forma da lei”. O texto é complementado com a garantia de que é “dever de todos prevenir a ameaça ou violação aos direitos do idoso”.
O desrespeito, não apenas em uma agência bancária, acarreta uma série de efeitos negativos à saúde de um senhor ou uma senhora desrespeitada. De acordo com a própria OMS, atitudes negativas em relação às pessoas de idade trazem consequências significativas sobre a saúde mental e física deles. Conforme o estudo, idosos que se sentem como um fardo para os outros estão sujeitos a sofrer depressão e isolamento.
Considerando-se estatísticas que apontam para o crescimento da população idosa e da expectativa de vida, fica a mensagem para que as pessoas aprimorem, cada vez mais, o exercício da tolerância e do respeito com aqueles que são da “melhor idade”.
Fonte: Folha da Região
PESQUISAS E ESTATÍSTICAS PODEM NOS LEVAR A CONCLUSÕES EQUIVOCADAS
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