Por que o modo de viver é a chave para a longevidade?

Aviso a quem quer chegar aos 100 anos: pequenos hábitos diários e bons relacionamentos interpessoais são mais importantes do que uma genética favorável

27/06/2020

Quando se trata de viver até os 100 anos, bons genes ajudam, mas não contam a história completa. O local onde o indivíduo mora tem impacto significativo na probabilidade de o ser humano atingir a idade centenária. É o que diz um novo estudo realizado por cientistas da Universidade Estadual de Washington, nos Estados Unidos. A informação soma-se ao arcabouço de conhecimento sobre o impacto que a forma de viver, ambiente físico aí incluído, tem sobre a qualidade de vida e saúde. 

O trabalho foi publica­do recentemente no International Journal of Environmental Research and Public Health, uma das referências área. Os estudiosos concluíram que que os moradores de Washington que vi­vem em comunidades de fácil acesso e que se relacionam com pessoas de idades variadas po­dem ter mais chances de viver até os 100 anos.  

É sabido que o estilo de condições de vida, como o sedentarismo, a falta de acesso aos alimentos adequados, moradias com poucas áreas verdes e também a pequena convivência social estão por trás das principais doenças crônicas não transmissíveis, como hipertensão, enfermidades cardíacas e diabetes. “A maneira pela qual vivemos a vida é responsável por cerca de 80% da proteção ao nosso organismo”, explica a médica Sley Tanigawa Guimarães, coordenadora da pós-graduação de Estilo de Vida e coach em saúde e bem-estar do Hospital Israelita Albert Einstein, de São Paulo.  O perfil genético favorável entra com 20%. 

A longevidade está associada a felicidade de forma plena, genuína, relacionando-se diretamente com três componentes específicos dos quais apenas um deles é facilmente passível de transformações. As funções as quais o indivíduo nasce, que não podem ser modificadas, como condições congênitas, nacionalidade e parentalidade, as circunstâncias da vida, que muitas das vezes também não podem ser alteradas e a voluntariedade. Trata-se daquilo que o indivíduo realmente pode mudar e está relacionado à maneira como ele enxerga a vida, com cultivo e aumento das emoções positivas. 

“É preciso identificar os fatores que levam ao bem-estar e à esperança. Quanto mais feliz você é, mais saudável e longevo se torna“, afirma o psiquiatra Luiz Gustavo Vale Zoldan ,da equipe de saúde populacional do Hospital Israelita Albert Einstein. 

A sensação de felicidade diminui a produção de fatores inflamatórios e hormônios como o cortisol, envolvido em vários processos prejudiciais, entre eles o aumento de peso e da pressão arterial.  Pequenos hábitos diários, como a alimentação, atividade física regular, qualidade dos relacionamentos interpessoais, senso de pertencimento a um grupo e propósito, além do contato com a natureza estão diretamente ligados à longevidade. “Temos a chance de nos conscientizarmos de quanto o comportamento afeta a saúde. Por isso, é tão importante o auto cuidado”, finaliza a médica de saúde populacional e medicina integrativa, Denise Maki, do Einstein. 

Por Raphaela Brumatti, da Agência Einstein

 

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