Aviso a quem quer chegar aos 100 anos: pequenos hábitos diários e bons relacionamentos interpessoais são mais importantes do que uma genética favorável
Quando se trata de viver até os 100 anos, bons genes ajudam, mas não contam a história completa. O local onde o indivíduo mora tem impacto significativo na probabilidade de o ser humano atingir a idade centenária. É o que diz um novo estudo realizado por cientistas da Universidade Estadual de Washington, nos Estados Unidos. A informação soma-se ao arcabouço de conhecimento sobre o impacto que a forma de viver, ambiente físico aí incluído, tem sobre a qualidade de vida e saúde.
O trabalho foi publicado recentemente no International Journal of Environmental Research and Public Health, uma das referências área. Os estudiosos concluíram que que os moradores de Washington que vivem em comunidades de fácil acesso e que se relacionam com pessoas de idades variadas podem ter mais chances de viver até os 100 anos.
É sabido que o estilo de condições de vida, como o sedentarismo, a falta de acesso aos alimentos adequados, moradias com poucas áreas verdes e também a pequena convivência social estão por trás das principais doenças crônicas não transmissíveis, como hipertensão, enfermidades cardíacas e diabetes. “A maneira pela qual vivemos a vida é responsável por cerca de 80% da proteção ao nosso organismo”, explica a médica Sley Tanigawa Guimarães, coordenadora da pós-graduação de Estilo de Vida e coach em saúde e bem-estar do Hospital Israelita Albert Einstein, de São Paulo. O perfil genético favorável entra com 20%.
A longevidade está associada a felicidade de forma plena, genuína, relacionando-se diretamente com três componentes específicos dos quais apenas um deles é facilmente passível de transformações. As funções as quais o indivíduo nasce, que não podem ser modificadas, como condições congênitas, nacionalidade e parentalidade, as circunstâncias da vida, que muitas das vezes também não podem ser alteradas e a voluntariedade. Trata-se daquilo que o indivíduo realmente pode mudar e está relacionado à maneira como ele enxerga a vida, com cultivo e aumento das emoções positivas.
“É preciso identificar os fatores que levam ao bem-estar e à esperança. Quanto mais feliz você é, mais saudável e longevo se torna“, afirma o psiquiatra Luiz Gustavo Vale Zoldan ,da equipe de saúde populacional do Hospital Israelita Albert Einstein.
A sensação de felicidade diminui a produção de fatores inflamatórios e hormônios como o cortisol, envolvido em vários processos prejudiciais, entre eles o aumento de peso e da pressão arterial. Pequenos hábitos diários, como a alimentação, atividade física regular, qualidade dos relacionamentos interpessoais, senso de pertencimento a um grupo e propósito, além do contato com a natureza estão diretamente ligados à longevidade. “Temos a chance de nos conscientizarmos de quanto o comportamento afeta a saúde. Por isso, é tão importante o auto cuidado”, finaliza a médica de saúde populacional e medicina integrativa, Denise Maki, do Einstein.
Por Raphaela Brumatti, da Agência Einstein
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