Mais conectadas, avós da nova geração usam redes sociais

Vovós modernas preferem o mundo digital para se comunicar com as famílias

26/07/2017

Quando falamos em avós, qual é a primeira coisa que vem à cabeça? Antigamente, eles eram conhecidos por contar histórias, fazer roupa de bonecas, cozinhar e ensinar. Hoje, atentos à evolução tecnológica, eles deixam para trás a imagem de aversão à modernidade e usam a internet para se relacionar com toda a família. 

Exemplos disso são duas avós para lá de charmosas e super conectadas. Uma delas é Jecy Caldas Beirão de Noronha. Ela tem 94 anos, duas filhas, três netos e cinco bisnetos. Todos espalhados pelo Brasil. Mora em Cambuquira (MG), mas é graças à internet que consegue se comunicar com os familiares de Santos. É daquele tipo que vive on-line. Participa de conversas do grupo da família pelo WhatsApp, posta no Facebook e, ainda, viaja pelo mundo através do Google Earth.  

 "A internet me faz muito bem. Eu já tenho uma certa idade e não posso mais viajar o tempo todo. Uso o Facebook e o WhatsApp para falar com toda a minha família". 

Dona Jecy trabalhou 30 anos como meteorologista no Ministério da Agricultura. Aposentou-se, mas não deixou de se sentir viva. Ela coleciona novos amigos no Facebook e faz questão de incentivar os colegas da terceira idade: "Acho que todo idoso devia mexer na internet, faz bem para saúde e mente. É uma vida nova". 

Há mais de três anos conectada ao mundo tecnológico, Jecy gosta de dizer que é uma pessoa muito ativa e coleciona hobbies mais tradicionais. "Adoro fazer crochê, acompanhar jogos de vôlei e tênis, além é claro, de 'viajar'. Só hoje, entrei no Google Earth e fui até o Texas e Oklahoma", brinca. 

Jecy ressalta que estar perto dos familiares é um privilégio, mas, como nem sempre possível, só mesmo as redes sociais para matar a saudade. "Meus netos e bisnetos são tudo para mim. Se posso dar um conselhos a eles é que vivam e aproveitem a vida o melhor possível. E, que eles não esqueçam de ficar nas redes sociais, porque faz muito bem. A vida passa muito rápido".  

Admiração

Neta de dona Jecy, a santista Daniela Noronha de Rezende Xavier, de 44 anos, considera a avó moderna. "Ela é um exemplo para família inteira. Com o tablet nas mãos, se informa de tudo que se passa no mundo. Qualquer foto que postamos é a primeira a curtir e comentar''. 

De acordo com Daniela, a avó busca sempre saber mais. ''É admirável que uma pessoa na idade dela, morando em uma cidadezinha no Sul de Minas, com pouco mais de 10 mil habitantes, esteja tão antenada''. 

A internet que aproxima as pessoas 

Outra avó que usa as redes sociais para estar perto de quem ama é a dona Rosa Maekawa, de 69 anos. Ela começou a usar o computador que o filho trouxe do Japão há cinco anos. Está aprendendo. "Ainda sinto dificuldades porque o teclado e as configurações são em japonês, mas uso bastante o celular".

Rosa tem dois filhos que moram no Japão e uma filha vivendo em São Paulo. São cinco netos e uma bisneta. "Antes, só podia ver as fotos por correspondência. Hoje, conversamos pelo Skype, Facebook  e WhatsApp".

Moradora do Canal 5, em Santos, ela conta que começou a reparar em outros idosos que também utilizam smartphones. "Fico admirada de ver que pessoas mais velhas do que eu usam o celular o tempo todo, seja na ginástica ou no consultório médico. Eles estão sempre conectados".

Assim como Jecy, ela se rendeu aos novos tempos, mas também tem hábitos da outra geração. "Adoro cozinhar, ver a casa cheia, fazer bolos e churrasco para toda a família". 

Questionada sobre a importância das redes sociais no dia a dia, dona Rosa é do time que elogia e incentiva o uso. "Só faz bem. O fato de poder entrar em contato com a minha família a qualquer hora é maravilhoso. Hoje, posso ver meus netos crescendo, dar conselhos, saber como eles estão. Para mim, as redes sociais diminuem a saudade e encurtam a distância".  

Levantamento

O interesse das pessoas com mais de 60 anos pelo mundo virtual cresce em ritmo acelerado. Em 2016, uma pesquisa feita pelo Instituto Locomotiva aponta que o Brasil tem 5,2 milhões de idosos conectados, que movimentam R$ 330 bilhões por ano, o equivalente a 38% do total da renda da população dessa faixa etária. 

A pesquisa “60+ na internet” mostra que o interesse dos idosos pelo mundo virtual cresceu em igualdade por ambos os sexos, ou seja, metade dos homens e das mulheres acessam a rede. O que varia é a idade: 51% têm entre 60 e 64 anos, 27% de 65 a 69 anos e 22% têm mais de 70 anos. 

A Região Sudeste concentra o maior percentual de idosos conectados: 60%. Em seguida estão o Sul (18%), Nordeste (13%), Centro-Oeste (6%) e o Norte (3%). A maioria absoluta dos internautas com mais de 60 anos é das classes A/B (76%), seguida pela classe C (23%) e classe D/E (1%). Esse público possui Ensino Superior (39%) ou médio (33%) e 28% cursaram até o Ensino Fundamental. 

A pesquisa mostra que para 92% dos idosos internautas o computador é o principal meio de acesso à rede. Já 44% preferem o smartphone, enquanto 17% utilizam o tablet e 4%, a TV. 

Fonte: A Tribuna

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