Roberta Zampetti, autora do livro “Sou 60”, diz que a sociedade não está preparada para ficar velha
Por LAURA MARIA
A poucos dias de completar 62 anos, Roberta Zampetti considera viver a melhor idade de sua vida. “Estou me valorizando mais, me sinto mais corajosa e mais feliz comigo mesmo”, pondera a apresentadora, que faz aniversário nesta quarta-feira. A fala dela é confirmada por suas ações: depois de 16 anos à frente do “Brasil das Gerais”, Roberta apostou suas fichas em “Sou 60”. A atração vai ao ar aos domingos, às 9h30, na Rede Minas. O projeto aconteceu concomitantemente à produção de “Sou 60 – Diário de uma Jornalista em Busca de Respostas Sobre o Envelhecimento e a Vida”, que será lançado no Sempre Um Papo nesta terça-feira (7), mesmo dia em que o blog que está preparando vai ao ar.
A motivação para sacudir a poeira veio quando, prestes a completar 60 anos, percebeu que estava envelhecendo e que precisava deixar um legado. “Quando eu for embora – e não existe outra alternativa –, como as pessoas vão se lembrar de mim?”, questionou-se. A indagação serviu para que Roberta lançasse um olhar para a velhice pela primeira vez. “Eu não pensava, a gente acha que nunca vai chegar. Mas ela chega muito rapidamente”, pontua a jornalista.
Com a constatação, Roberta percebeu que a sociedade, especialmente a brasileira, não está preparada para ficar velha. “Eu vejo o quanto que o idoso é isolado. A sociedade acha que o que eles fazem não tem importância e que ele não tem mais nada para oferecer”, observa. Com os projetos, Roberta quis apresentar exatamente o contrário: o idoso tem, sim, muita coisa a oferecer. “Quis mostrar que tem muita coisa para acontecer depois dos 60”, diz.
Autoconhecimento. Uma delas é o autoconhecimento, tema apresentado no terceiro capítulo do livro. “Se você chega nessa idade sem conhecer o que gosta, vai viver uma velhice muito complicada. Nas entrevistas que fiz ao longo da vida, percebi que o autoconhecimento não é muito praticado. Quando eu estava chegando nos meus 60, quis mudar o rumo da minha vida e provar que tenho muita coisa pela frente”, conta.
Outros temas presentes no livro são espiritualidade, perdão, sexualidade, beleza e moda, dentre outros. Dividido em 16 capítulos, a obra contém diversas entrevistas e reflexões pinceladas com frases de grandes escritores. “É um livro singelo. Não me preocupei em fazer um livro com linguagem bonita. A minha linguagem é coloquial, é assim que sou”, diz a apresentadora.
Roberta conta que a simplicidade está, inclusive, no tamanho da obra. “Eu tinha feito um livro muito maior. Mas a editora falou: ‘está parecendo uma enciclopédia do envelhecimento’”, conta entre risos. E, apesar de considerar estar na melhor fase de sua vida, Roberta refuta expressões que tratam a velhice como “a melhor idade”. “É um eufemismo para dourar a pílula. Está sendo uma fase boa para mim, mas não quer dizer que seja o mesmo para todo mundo. A melhor idade é sempre a que a gente está nela”, comenta.
Fonte: O Tempo
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