Conversar, um ótimo remédio para manter o cérebro afiado

Pesquisa está sendo realizada nos EUA para mostrar os benefícios de papear regularmente

21/04/2019

Paciente participa de conversa on-line em estudo para avaliar os benefícios da comunicação para prevenir a demência — Foto: OHSU/Kristyna Wentz-Graff

 

A Universidade de Saúde e Ciência do Oregon (OSHU), nos Estados Unidos, iniciou um levantamento, que vai se estender até 2022, para testar a importância da conversa para manter o cérebro afiado. O projeto chama-se I-Conect e seus participantes devem ter mais de 75 anos e estar numa situação de isolamento social. Além disso, não devem apresentar um quadro de demência – no máximo, um pequeno comprometimento cognitivo. Quatro vezes por semana, esses idosos conversam durante cerca de meia hora com um pesquisador: o papo não é presencial, e sim através de uma videoconferência (ou videochat, que soa mais acolhedor), através da tela do computador.

Essa rotina se estende por seis meses e, no semestre seguinte, é substituída por duas conversas semanais. Os 288 participantes também são regularmente entrevistados sobre suas atividades e condições de saúde, e se submetem a exames de ressonância magnética do cérebro. A conversa não é aleatória: tem um roteiro projetado para exercitar áreas do cérebro associadas ao pensamento abstrato e à memória, para “afiar” habilidades mentais mais sofisticadas.

Em 2014, um projeto piloto semelhante apontou uma melhoria do desempenho dos idosos em testes cognitivos. Agora, o objetivo dos pesquisadores é verificar se a conversação regular pode evitar a demência. Segundo Jacob Lindsley, que coordena o estudo, se a tese for comprovada, papear pode se tornar uma prescrição médica: “assim como os médicos prescrevem exercícios para manter a saúde do coração”, diz.

Um relatório publicado ano passado pela revista “The Lancet” mostrou que 2.3% dos casos de demência poderiam ser evitados reduzindo-se o isolamento social. Como esse blog já registrou, a solidão pode ser considerada o cigarro da sociedade contemporânea. De acordo com Laura Alcock-Ferguson, diretora-executiva da “Campanha para acabar com a solidão”, seu impacto na saúde pode ser devastador: “é pior do que a obesidade, tão ruim quanto fumar 15 cigarros por dia. A solidão está encurtando vidas”.

Por Mariza Tavares - G1

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